No dia 27 de Maio, os alunos do décimo primeiro ano desenvolveram um debate público em torno do tema "Ética e Conflitos". Deixamos aqui a síntese desta actividade, elaborada pelas alunas Sara Castanheira e Vânia Laceiras.
No passado dia vinte sete de dois mil e nove pelas quinze horas, os alunos do 11º ano das turmas A, B e C reuniram-se, juntamente com os professores Carla Marques, Carla Figueiredo e José Moreno, na biblioteca da escola para realizarem um debate em torno do tema “Ética e conflitos”. O debate foi preparado com base no visionamento do filme “Elephant”, a partir do qual os alunos extraíram vários subtemas passíveis de discussão e análise, a saber: a ética da informação, a influência dos jogos de computador no comportamento juvenil, bullying e o papel da sociedade da formação de jovens e contra a violência. O debate estruturou-se em quatro fases: a apresentação dos temas tratados por cada grupo, feita pela moderadora Rita Ferreira; o porta-voz de cada grupo teve direito a três minutos para fazer um breve apresentação do seu tema e expressar a sua opinião; a moderadora fez uma pergunta a cada elemento responsável do grupo; participação do público, que pôde expressar a sua opinião relativamente aos temas em discussão. O primeiro tema a ser discutido foi a comunicação e ética. Analisaram este assunto Ricardo Sousa e Fábio Alves. Ricardo afirmou que a Internet é um espaço livre, onde cada pessoa pode aceder em qualquer altura e sustentou que este espaço não é controlável nem sequer passível de controlo por parte de entidades responsáveis. Afirmou também que “ nós somos patrões de nós próprios”. Exprimiu a opinião que se deve educar as pessoas para que elas saibam controlar a própria Internet, exemplificando da seguinte forma: “ se o meu filho não pode ver isto, ele não vê e pronto!” No entanto Fábio, por seu turno, discordou de Ricardo, afirmando que a Internet deve ser controlada, que se tem de controlar a liberdade que esta implica. Defendeu também que actualmente a internet já é vigiada. Afirmou ainda que se deve ensinar as crianças que não devem procurar conteúdos potencialmente perigosos. Terminou defendendo o controlo da utilização da internet como forma de prevenir a elaboração e a leitura de páginas com conteúdos perigosos. Rita Ferreira sintetizou citando Martha Smith: “Os meios de comunicação são cada vez mais acessíveis, por isso é urgente discutir a ética de informação”. Passou-se, de seguida, ao tema dos jogos de computador. A moderadora introduziu o tema afirmando que é frequente que saiam no mercado jogos para a consola ou PC que geram controvérsias entre pais, jovens, professores, psicólogos e políticos. Existem jogos como o GTA, Bully e Counter Strick, que fizeram correr muito tinta e que foram até proibidos em alguns países. Há quem creia que estas produções são más. Do outro lado, estão os que julgam que elas não representam um problema e os que acham que até é bom. Todavia, os jogos violentos têm sido apontados como fortes motivadores de violência nas crianças. No painel, Daniel Marques defendeu a existência dos jogos do PC, enquanto Patrícia Mamede se colocou contra os mesmos. Daniel afirmou que os jogos de PC não influenciam em nada os jovens, pois só joga quem quer esses jogos violentos. Afirmou ainda que quem tem a culpa são os pais, pois são eles que não controlam os filhos nem lhes dão educação em casa. Defendeu, então, que o problema da violência se encontra nos pais e não nos jogos. Pelo contrário, Patrícia sustentou que os jovens que jogam esses jogos se tornam violentos e a culpa não é dos pais, pois eles até tentam impedir mas não conseguem porque para os filhos os jogos de PC violentos já são um vício. Acrescentou que, em algumas situações, os filhos chegam inclusive a faltar às aulas para poderem jogar à vontade. Patrícia sustentou ainda que não é possível encontrar uma solução consensual, mas seria importante que se moderasse a violência nos jogos e que se aumentasse o custo dos jogos violentos. O bullying é um termo inglês que se refere a todas as formas de atitudes agressivas tanto físicas como psicológicas/ intencionais e repetidas que ocorrem sem motivação evidente, executadas perante uma situação de desequilíbrio de poder dos mais fortes para com os mais fracos. Entre agressores e vítimas encontram-se envolvidos mais de 50% dos que frequentam o sistema escolar em Portugal. No entanto, as vítimas são em maior número do que os agressores e é muito mais o número de pessoas que assistem sem denunciar a situação. Adriana, falando desta situação, culpou a escola de não querer ajudar a resolver este problema. na sua opinião, deveria existir mais diálogo entre a vítima e a escola. Recordou, ainda, que podem existir dois tipos de bulling: o directo e o indirecto. Em jeito de conclusão, Adriana recordou que quem passa por esta situação é que sabe o sofrimento que ela implica. Por fim, o último tema a ser debatido foi a sociedade. Para abordar a temática, tomou a palavra Ana Isabel Carvalho, que defendeu que uma sociedade é um conjunto de pessoas que vive numa comunidade organizada e que, entre outras coisas, partilha preocupações e interesses comuns. A sociedade e as suas organizações, como a escola e, mais elementar e importante, a família, têm um papel preponderante na educação dos novos cidadãos e por isso deve-se discutir quais as melhores maneiras de o fazer, tendo em conta o fim da violência. Ana Isabel defendeu que a culpa da violência é dos pais e não da escola. A sociedade devia tomar medidas e separar os grupos conflituosos. Na escola deviam existir câmaras de vigilância para gravar o comportamento dos alunos e a própria disposição arquitectónica da escola deveria evitar espaços escondidos onde a violência de gera sem testemunhas. Em suma, o debate levado a cabo pelos alunos do décimo primeiro ano teve bastante sucesso a todos os níveis, na medida em que todos os envolvidos conseguiram, de forma adulta e madura, abordar as temáticas, discuti-las e confrontar pontos de vista. Embora do debate de ideias não tenha saído uma visão unânime da violência escolar e da problemática da ética da informação, sabemos que, neste momento, os alunos estão atentos e motivados para uma reflexão crítica em torno destas questões tão importantes. Só por isso, o debate foi um verdadeiro sucesso.
As secretárias: Sara Castanheira e Vânia Laceiras